Neste ano se comemora o surgimento do primeiro planetário do mundo, criado na cidade alemã de Munique. A data escolhida para marcar esse dia foi o 07 de maio. “Oskar von Miller queria um novo instrumento para seu museu, o Deutsches Museum. Este museu celebraria os avanços tecnológicos e ele queria algo que projetasse as estrelas no céu. Foram longos anos de desenvolvimento até sua apresentação inicial, em 1923 e, depois de alguns ajustes, a instalação no museu”, explica o presidente eleito da Sociedade Internacional de Planetários, professor da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) Guilherme Frederico Marranghello, bolsista de produtividade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico (CNPq) e membro do Comitê Assessor de Divulgação Científica do CNPq.N
Marranghello conta que, quando os planetários iniciaram suas atividades, o intuito era apenas de representar o céu noturno, identificar estrelas e constelações e o movimento dos planetas. “Isto é algo que continua até hoje, mas foi apenas o começo. Atualmente, também temos o planetário como espaço de contação de histórias, uma mistura de céu estrelado e teatro, um lugar onde a ciência e a arte se encontram. Graças à revolução digital, os planetários apresentam filmes que nos levam a viagens pelo Sistema Solar, em busca de novos mundos extrasolares ou até mesmo para dentro de buracos negros.” revela.
Segundo o pesquisador, esses locais se tornaram espaços para discutir questões importantes como as mudanças climáticas, a preservação da cultura indígena, o combate ao racismo, à homofobia ou para debater o direito da mulher estar onde ela quiser. Por isso mesmo o lema deste centenário é: as estrelas foram apenas o começo.
Marranghello acredita que planetários são peças extremamente importantes no quebra cabeça da educação atual. “Nosso planetário, por exemplo, passa a semana recebendo turmas escolares”, conta ele, que coordena o equipamento da Unipampa. “É a oportunidade destas crianças terem um contato com conteúdos tão importantes de uma forma imersiva. Mais que isso, é o local onde as crianças podem se apaixonar pela ciência, pelo desenvolvimento tecnológico e por áreas tão importantes para o nosso desenvolvimento”, diz.
Apoio – O CNPq atua há anos dando apoio a esses equipamentos. Diversas chamadas já foram realizadas como a do Programa de Apoio a Museus, Centros de Ciência e Espaços Científico-Culturais, que totalizou R$2,9 milhões em investimentos; ou a do Parque da Ciência à Exploração Espacial, Astronomia e Astronáutica – Exposições Itinerantes, Popularização e Interiorização da Ciência, que aplicou R$2,76 milhões nessas iniciativas. Além disso, o Conselho contribui com fomento de algumas edições dos encontros da ABP através dos editais de apoio a eventos. Os planetários também contam com bolsistas do CNPq para desenvolvimento das suas atividades.
Marranghello conta que foi concluído há pouco um estudo financiado pelo CNPq sobre o papel dos planetários para atrair os jovens para a carreira de ciências e tecnologia. “Atualmente, há um problema, não apenas no Brasil, mas mundial, de falta de jovens interessados pelas carreiras de ciência e tecnologia. Isso traz consequências, a longo prazo, devastadoras para uma nação. Nesse contexto, o planetário tem um potencial gigantesco para atuar desde a educação básica até a atração de talentos para as áreas de C&T”, diz. Segundo ele, são muitos os relatos de cientistas, das mais diversas áreas do conhecimento, que se apaixonaram pela ciência dentro de um planetário.
Por isso mesmo, o cientista convida: “Se você nunca foi a um planetário, não perca mais tempo. E se já foi, está na hora de voltar. As estrelas foram apenas o começo e os próximos 100 anos nos aguardam com todas as maravilhas e mistérios do nosso universo”.
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