A região do entorno do Distrito Federal receberá ação de soltura dos mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia, em conjunto com Brasília, para o combate ás arboviroses  como dengue, zika e chikungunya. A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), participa do evento com apoio a  Valparaíso de Goiás e Luziânia.

O método Wolbachia não elimina o mosquito, mas impede que ele transmita os vírus da dengue, zika e chikungunya para o ser humano. A bactéria é natural e já está presente em cerca de 60% dos insetos do planeta. Quando o Aedes aegypti recebe a Wolbachia, ele perde a capacidade de transmitir essas doenças e repassa a bactéria para seus descendentes, substituindo gradualmente a população de mosquitos.

A SES realizou as capacitações da metodologia Ovitrampa e utilização do sistema, com dispensação do material para início das atividades e instalação. A Secretaria também acompanha e realiza apoio técnico nas capacitações relacionadas à Wolbachia, com organização de todo o trecho aonde serão realizadas as solturas. A equipe técnica da secretaria também participou das capacitações de engajamento da sociedade, com orientações técnicas.

A SES/GO, em parceria com os municípios de Luziânia e Valparaíso de Goiás e o Ministério da Saúde, realizou simulações de soltura durante o mês de agosto com as equipes dos municípios que percorreram as rotas e verificaram todos os detalhes para o início dos trabalhos. A SES/GO também fez a doação de dois veículos, um para cada município, para auxiliar na logística do trabalho e no deslocamento do Núcleo regional de Produção, que fica em Brasília, para os dois municípios.

A estratégia será realizada com apoio técnico da Wolbito do Brasil, responsável pela maior biofábrica de mosquitos com Wolbachia no mundo. Somente no núcleo de Brasília, a produção semanal chega a 4,3 milhões de mosquitos para a capital federal. Outros 2,2 milhões serão destinados a Valparaíso e Luziânia, semanalmente. O Método Wolbachia é recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e passou a fazer parte das políticas públicas de saúde do Brasil, conduzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com o Ministério da Saúde.

Segundo dados da SES, o  ano de  2024, registrou a pior epidemia de dengue em Goiás, com mais de 323 mil casos confirmados e 451 mortes pela doença. A estratégia da Wolbachia deverá trazer efeitos a médio e longo prazo. Os primeiros resultados devem ser percebidos em até dois anos, mas experiências anteriores em cidades como Niterói (RJ) já indicaram reduções de até 70% nos casos de dengue após a implantação do método.

Goiás já registrou, em 2025, 134.338 casos notificados de dengue, com 80.759 confirmações e 72 óbitos confirmados e 61 em investigação. Apesar de o número representar queda de 67% em relação ao mesmo período de 2024 em relação ao número de casos, a SES-GO mantém o alerta: a prevenção continua sendo a principal ferramenta para evitar casos e óbitos.

Por isso, mesmo com a nova tecnologia, as medidas tradicionais de combate ao Aedes aegypti continuam indispensáveis, conforme explica a subsecretária de Vigilância em Saúde, Flúvia Amorim: “O objetivo dessa estratégia é substituir a população de mosquitos que estão hoje no meio ambiente por mosquitos infectados por esta bactéria. Mas é fundamental continuar com outras estratégias, como a eliminação de criadouros e bloqueio de casos com bombas costais. Assim, mesmo que não consigamos eliminar todos os mosquitos, os poucos que restarão, estarão infectados e não conseguirão transmitir dengue, Zika e Chikungunya. Outras ações, como uso de telas, roupas de manga comprida e repelentes, também podem ser utilizadas”, destaca.