O Parque Estadual da Terra Ronca (Peter) se prepara para receber milhares de pessoas entre 1º e 6 de agosto durante a tradicional romaria de Bom Jesus da Lapa.
A celebração, que acontece há 96 anos, tem como ponto alto os dias 5 e 6, quando devem ocorrer as maiores concentrações de fiéis, com missas, cavalgadas, casamentos e batizados.
O momento mais aguardado será a missa em frente à gruta que abriga o santuário e onde goteja a água considerada milagrosa. Antes, as celebrações ocorriam dentro da caverna, mas, devido ao grande número de participantes e à presença de idosos, o altar foi transferido para o gramado em frente à gruta.
No local, será montada uma grande estrutura com palco, tendas e barracas de palha onde serão vendidos alimentos e onde os visitantes poderão se reunir com amigos e familiares.
A maioria dos fiéis costuma vir de municípios do nordeste goiano e de estados vizinhos, como Bahia e Tocantins. Os que fazem o percurso a pé devem chegar no fim de semana, enquanto as cavalgadas estão previstas para começar na sexta-feira.
Municípios como São Domingos, Guarani de Goiás, Arraias (TO), Poço e povoados da região organizam comitivas para o evento. Romeiros de Iaciara, por exemplo, percorrem cerca de 104 km até o parque; a partir de São Domingos, são 40 km.
No dia 5, uma missa será celebrada no povoado de São João. No dia seguinte, a celebração principal ocorre no próprio parque. A estimativa é de que mais de quatro mil pessoas passem pelo local durante os seis dias de evento.
Devoção – Ao final do trajeto, depois de atravessar as barracas com comidas típicas como arroz carreteiro, feijão tropeiro, galinha caipira, milho e espetinhos, os fiéis chegam à gruta. Um altar com imagens sacras será preparado para receber as orações.
Em uma gruta menor, os devotos depositam objetos simbólicos de fé: muletas, partes do corpo em cera, cadeiras de rodas – cada item representa um pedido de milagre ou uma graça alcançada.
Ali perto, estalactites pingam uma água considerada milagrosa. Fiéis se organizam em pequenos grupos para acessar a passarela e molhar as mãos. Alguns lavam o rosto, outros umedecem feridas ou recolhem a água em garrafas para levar para casa.
Rivaldo Vieira de Souza, servidor da Semad que atua no Peter, explica que a romaria teve início com moradores de Correntina (BA), que buscavam reproduzir a celebração de Bom Jesus da Lapa da Bahia. “Depois que a imagem santa foi instalada na gruta, começaram a surgir testemunhos de pessoas atendidas em suas preces”, conta.
Filho de pais devotos, Rivaldo foi batizado no local há 30 anos e tem sua própria história de fé: “Em 2001, eu tinha uma sensação estranha na garganta, como se fosse um caroço, e às vezes cuspia sangue. Um otorrino em Brasília não conseguiu diagnosticar. Fiz uma promessa e fui curado. Saí do povoado a pé, rezei dez Ave-Marias e cinco Pai-Nossos ao chegar. Hoje estou bem”.
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